Uma caminhada, uma história de dor e sofrimento. Um novo tempo, uma nova época, por Walneide Romano, presidente da Apampesp
O Dia da Consciência Negra é um marco de reflexão sobre uma história de dor e resistência. Remonta à luta de movimentos sociais pela igualdade racial e homenageia a rica cultura ancestral de povos africanos que foram arrancados de suas terras e escravizados durante séculos no Brasil. Este dia nos convida a olhar para o passado, enfrentar o presente e construir um futuro mais justo.
O Brasil, último país das Américas a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1888, ainda carrega profundas marcas desse passado. Segundo o Censo de 2022 do IBGE, 55,5% da população brasileira se identifica como preta ou parda. Apesar dessa maioria, a realidade é alarmante: os índices de pobreza, encarceramento e extermínio da juventude negra são desproporcionalmente elevados, revelando o racismo estrutural que permeia nossa sociedade.
A exclusão social e o descaso com a população negra são feridas abertas. É inaceitável que a Constituição Federal de 1988, que consagra direitos fundamentais, seja ignorada enquanto líderes negros têm suas vidas ameaçadas e comunidades são negligenciadas. Precisamos enfrentar, de forma consciente e coletiva, as desigualdades raciais e lutar pela efetivação de políticas públicas que promovam a equidade e a inclusão.
A Educação é a principal ferramenta de transformação social. Precisamos de uma Educação Antirracista que combata a discriminação racial e promova um ambiente mais inclusivo. Não basta reconhecer o racismo; é preciso agir para desmantelá-lo. Como disse Nelson Mandela, “o racismo precisa ser conscientemente combatido, e não discretamente tolerado”.
A luta pela igualdade racial é uma responsabilidade de todos. Não precisamos ser negros para nos engajarmos nessa causa; precisamos ser humanos. É chegada a hora de tirar nossa nação das trevas da injustiça racial e trazer luz para um futuro onde negros e brancos caminhem juntos, com igualdade e respeito.
Educar é libertar. É papel de todos, especialmente de nós, educadores, garantir que o respeito pela história, pela dignidade e pelos direitos dos afrodescendentes esteja na pauta da sociedade. Como disse Martin Luther King, “sempre é hora de fazer o que é certo”.
A luta pela Consciência Negra não é apenas um resgate do passado, mas um compromisso com o presente e o futuro. Vamos transformar discursos em ações, palavras em atitudes, e juntos construir um Brasil onde todos, sem distinção, possam viver com dignidade e liberdade.
Por Walneide Romano, presidente da Apampesp